Carta ao Pai Natal

Bom dia Pai Natal! É a primeira vez que escrevo uma carta para ti, por isso peço desculpa pelo meu atrevimento, mas tenho um grande pedido a fazer-te, o qual espero não fique esquecido no teu imaginário, para bem de muita gente, mas, deixa-me contar-te…
Nasci em 31 de Outubro de 1941. Fiz há poucos meses 64 anos de vida. Estou à beira da reforma ou do fim…

Os meus pais foram empresários trabalhadores, honestos, responsáveis, que sempre me indicaram os melhores caminhos, me deram os melhores conselhos, enfim, me fizeram crescer com sustentabilidade e me prepararam para uma longa vida…
Em 1986, sofro um grande embate. Um dos meus pais biológicos, por velhice e doença, vem a falecer em 1990. Fico órfão …tenho de procurar novos rumos, novos parceiros, quero dar continuidade a este ciclo de vida que não se pode quebrar.
Passei a ter oito padrastos, porque à sua morte, quis premiar alguns enteados pelo seu passado de dedicação e trabalho, por me terem ajudado a desenvolver. O meu pai sempre pensou em tudo…
Desta forma, continuei forte, dando guarida a 40 pessoas, cumprindo com as minhas obrigações, que mal ou bem regem este mundo de competitividade.
Ganhei em 1992, 1993 e 1994 o estatuto de prestígio, que me promoveram e contribuíram para o reforço do meu posicionamento na vida.
Em 1997 passo a anónima e aumento o meu pé-de-meia. Quero encarar com firmeza e ambição os desafios da modernidade. Quero criar um futuro melhor para todos…
O presépio estava montado. Três reis magos tomam conta do ouro, do incenso e da mirra, montados em camelos.
Começa a minha doença. Uma doença que me atira para este leito onde agonizo dia-a-pós dia, pelos erros e mais erros, pelo despesismo, pela indiferença, pelo egoísmo, pelo centralismo doentio e exacerbado.
Os camelos, continuam, pela sua natureza, sem beber água, desprezados, mas continuam trabalhando. Alguns já percorreram três a quatro décadas para aqui chegarem, para hoje se verem confrontados a adorarem o Deus menino que num berço de oiro nasceu… sem saberem qual o seu presente e futuro…
Pai Natal, agora é o meu pedido – cura-me, se ainda é possível, desta doença que me ataca, que me destrói, que nos entristece a todos, mas livra-me dos Reis Magos e do Menino Jesus…

A todos os Amigos e visitantes deste espaço desejo BOAS FESTAS E BOM ANO.

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